quinta-feira, 7 de julho de 2011

a personalidade é um conjunto de características não comuns a todos os seres humanos que faz com que todos nós sejamos diferentes , que gostemos de coisas diferentes , que pensemos de forma diferente (...) 
- Era uma da manhã quando ela pegou no telemóvel pela primeira vez naquela noite depois de se deitar , ela sentiu necessidade de o desligar algumas horas antes pois toda a raiva e o ódio que sentia fizeram com que ela quisesse permanecer incontactável. Ela sentia pela primeira vez como a vida nos consegue queimar a sangue frio e como pode ser a mais injusta das nossas inimigas.
Sempre quis uma vida com a vida daquelas meninas sem destino que davam na televisão com roupas glamorosas e sapatos através dos quais perdiam o equilíbrio. Aquela maneira de viver era um segredo para ela pois olhando para si ela via uma menina com preconceitos , completa de magoa , vermelha de ódio e embebecida em lágrimas.
Não estranhava pois era aquilo que fazia dela uma pessoa inconfundível.
Nunca deu muita confiança a ninguém mas também não era tímida , a resposta estava em todos aqueles cadernos escondidos , nas caixas de objectos , no mais puro dos seus olhares , ela tinha um mundo só dela !
Era como uma porta fechada a qualquer luz como se fosse um quarto sem qualquer porta ou janela mas onde ela era feliz. Ela fez grandes amigos , dos melhores que ela alguma vez irá ter ou isso pensava ela . Abriu aquela porta vezes demais e era embalada em todas aquelas palavras " adoro-te " , " nunca conheci ninguém como tu " , " és tudo de bom " esquecendo que ela não é de ferro e ninguém é perfeito .
- Quatro da manha e ela sem pregar olho e cansada de chorar sentou-se na cama rodeada por lenços , por cartas que sabe que não irão ser enviadas , por desenhos , por recordações e chora novamente . Era como se tivessem despertado nela recordações que não deveriam ser recordadas , coisas que não deviam ter acontecido . Só se pergunta " porque a mim ? ", " que mal fiz eu ", " será por isto que sou tão negativa ? ", na realidade ela era uma pessoa que não sabia o verdadeiro significado da positividade .
Para ela nada é 100% bom , tem de haver alguma coisa para a qual terá de estar preparada , para que acidentes como estes não aconteçam .
- Sete da manha , entre estar sentada na cama , estar deitada no chão ou olhar pelo parapeito da janela ela deitou-se no chão em cima do seu tapete com os olhos inchados , com a cara vermelha e com um sentimento de tristeza profunda e no momento em que consegue descansar e dormir é acordada pela mãe que a manda para a cama dizendo que vai trabalhar e que ela passará o dia em casa .
Mal a porta daquele covil de tristeza se fechou ela pegou numa folha e escreveu :

" Querido ...
Sabes bem que sempre foste a pessoa que mais amei , a que mais me ajudou , a que é o motivo principal de eu ser como sou.  Tentei guardar-te com todas as forças para mim e mesmo assim não foi o suficiente . Sei que falamos sobre isso mas é impossivel eu esquecer ! Sempre que falo contigo lembro toda a dor , todo o desgosto , todo o ódio de ontem á noite e sinto uma impossibilidade enorme de esquecer . Quero que saibas que se algum dia todo o rancor desaparecer estarei aqui para te apoiar como sempre fiz mas desde já fica um pedido de desculpa por todo o mal que te fiz , que te estou a fazer e que sei que ainda irei fazer infelizmente .
Mas as grandes amizades tal como os grandes amores nunca se esquecem e podes ter a certeza que nunca me vou esquecer do quanto estou grata por TUDO o que fizeste por mim quando eu mais precisei , quando eu não tinha ninguém .
Gostava que tudo fosse diferente , que eu não tivesse ficado tão afectada mas acima de tudo que não tivesses errado enquanto eu vacilei . Sei que haveremos de dar um jeito , os dois como sempre fizemos . Mas não me peças o céu ensolarado durante uma noite de inverno , é o impossível .
Nunca te esqueças de mim .
com amor , ... "

- Assim , dobrou a carta , colocou-a num sitio só dela e assim tentou continuar a sua vida mesmo sabendo que esta história no final poderá ter dois finais distintos adormecendo para esquecer .

Catarina Mendes 7.Julho.2011